A lição do dente-de leão
- Maria Tereza Sigwalt

- 18 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jun.
Tudo na natureza tem um propósito intrínseco, perfeito e preciso. Todas as leis são exercidas naturalmente, sem que nenhuma individualização as questione. Os ciclos de nascer, viver, morrer e renascer são ininterruptos, desconstituídos de segmentação, de transtornos ou resistência. Fluem como uma realidade da vida em sua essência milagrosa de transformação.
Em todos os reinos, essas passagens, em maior ou menor velocidade, ocorrem num plano de consciência coletiva, e conhecido por todos os seres do planeta, que sabem qual a sua função e a cumprem com honra e maestria, sem relutância, sem sofrimentos comparativos, sem medo das mudanças.
Qualquer papel é importante e todas as ações fazem parte de uma engrenagem divina, de autosustentação na cadeia biológica. Animais, vegetais, minerais, bactérias, fungos, elementos, seguem o fluxo da vida sendo o seu melhor, fazendo parte do todo, sendo alavanca de transformação de um para o outro.
O gênero humano, ao contrário, sofre com as mudanças. Marca a passagem do tempo com ritos, que o fazem lembrar da sua finitude. Dispende grande energia para impedir que a idade avance e o faça chegar perto da morte, mas continua a olhar para o fim da estrada, sem aproveitar o caminho. Esqueceu que a estrada não tem fim, ela está sempre recomeçando, num filho que nasce, numa ideia que se projeta, num livro que se lança, num sentimento que se emana, numa consciência que desperta.
Lembrei-me então do singelo dente-de-leão. Uma flor tão frágil e vulnerável com um nome tão forte e destemido. Uma contradição ou uma missão?
Quando criança, adorava soprá-las, só para observar aqueles pequenos buquês, se espalhando no ar e imaginava-me miniatura, pendurada numa delas viajando por lugares inesperados, olhando a paisagem como hoje se faz nos parapentes e asas deltas.
Não sabia que se tratava do seu momento mais sagrado, quando o vento, o sopro, tornam-se agentes da sua expansão. E num voo mágico as sementes-bailarinas, dançam o seu bailado, põem em movimento a transmissão do seu legado e a possibilidade de um florescer em outro lugar.
Poucos sabem que essa florzinha é rica em vitaminas, sais minerais, ótima para os ossos, fígado, estômago e rins. Talvez por isso seja um dente de leão, pois traz saúde e força para o nosso organismo.
Agradeçamos as mudanças que surgem em nossas vidas conforme a sabedoria de todos os outros seres da natureza. Que a lição do dente-de-leão seja absorvida por nossos corações, e que conforme a Lei da Mudança do Codex*, saibamos adicionar essa fluidez no nosso caminho, da mesma forma que não percebemos o nosso respirar.
Seja Luz
Maria Tereza Sigwalt Ano: 2013
*LEI DA MUDANÇA – CODEX
“Nada permanece na forma como se iniciou. Tudo esta em constante transformação e modificação, sendo isto válido para todas as dimensões”




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