TRAJES SÓRDIDOS

O que veste um homem o torna diferente do que ele é? Adiciona autoridade ou distinção? Uma capa pode transformá-lo num nobre, num herói, num espadachim ou num vilão? Talvez sim, talvez não. A simbologia da indumentária influencia os personagens na ficção, e na vida real, como serão? A capa e a espada podem estar de um lado e do outro da batalha, e não há justiça, só mortalha.

Os trajes sempre diferenciaram os homens numa escala de poderes. Quanto mais alto, mais refinados tecidos e adornos. Capas eram símbolo de status e a toga uma deferência a poucos sacerdotes e magistrados. Têmis, sua divindade máxima, outrora, entronizava a justiça com a balança em suas mãos, e para exercer honroso ofício, dos seus protegidos cobrava: ética, sabedoria e compaixão.

Em nossos tempos, também temos deuses, mas que ao contrário, se refastelam com lagostas e caviares vindos dos reinos de Poseidon, com vinhos finos e delirantes de Pã, com o poder desmedido de Zeus, senhor dos relâmpagos, que dá ordens e julga o céu e a terra, à revelia. Deuses que zombam das agruras humanas, usam e abusam do seu poder e pouco se importam com as consequências nefastas dos seus atos.

Do alto do seu palácio, eles brindam e riem com sarcasmo, indiferentes à realidade dos que os servem. Se exibem em julgamentos que profanam a carta, se envaidecem das perseguições aos desafetos, interferem na harmonia dos outros reinos, se orgulham em amordaçar, prender, torturar a quem ouse contestar ou questionar. Aos súditos, trabalho, impostos e chicote, para alimentar seus luxos imorais.

Quanto à Têmis, foi traída e presa, sem direito à defesa, tendo o seu poder cassado e sufocado pela tirania. Seus olhos estão vendados, mas a sua percepção é ampla e seu coração dilacerado, chora de indignação. A quem recorrer? Nem mesmo a deusa ganhou absolvição.

Vossas Excelências Olímpicas, seus trajes são sórdidos. Estão sujos e impregnados, de torpezas e mentiras, com que se vestem e ultrajam as bases de uma nação, calando o seu povo, submetendo-o a perfídia das suas ações.

Saibam, que esta Terra, foi escolhida e abençoada para ser a Pátria do Evangelho, aquela que alimentará o Mundo com o pão material e espiritual, e nada a demoverá do seu destino luminoso. Nem mesmo vossos desejos sombrios e dolorosos.

O Julgador será julgado pelo mesmo fiel da balança que julgou. E do tribunal do Divino Absoluto, não há como esconder a tirania, a má-fé, a crueldade, que tem permeado vossas atitudes, em seu reinado obscuro, no Olimpo Tupiniquim.

É possível que uma veste torne o homem diferente do que ele é? Depende do que ele traz no coração. Depende da sede de poder, oculta sob o manto que o emoldura. O hábito faz o monge ou o vilão? Talvez sim, talvez não. Mas, uma coisa é certa, no ditado popular: - “Se a casca tem bolor, o miolo podre está”.

Maria Tereza Sigwalt

Floripa 30/07/25

Deuses do Olimpo Tupiniquim