ZÉ PERRY E FLORIANÓPOLIS

Florianópolis é conhecida como a ilha da magia, lugar de beleza indescritível, poucos habitantes, com tradições simples de açorianos pescadores e sua culinária artesanal.

Estou falando nos idos de 1928, quando a companhia Aeropostale (Compagnie Générale Aéropostale) construiu, a 1º de março, o primeiro aeródromo/aeroporto em Florianópolis, na praia do Campeche. Este aeroporto foi um ponto importante para a companhia, que utilizava o espaço para o transporte de malas postais entre três continentes: Europa, África e América do Sul. Assim, várias escalas ocorriam ao passar pela costa do Brasil, e uma delas incluía a cidade de Florianópolis. Como a autonomia de voo era menor naquela época, essas escalas eram pontos de abastecimento, que foram construídos com TSF (comunicação sem fio), hangar e uma casa de pilotos.

Os aviadores franceses ao verem na ilha, aquela vila de pequenas casas de pescadores, a batizaram como Campo de Pesca – Camp et pêche em francês, ficando conhecida como Campeche, e um deles era o nosso querido, Antoine Saint-Exupéry.

Ele fez amizades entre os ilhéus, que com a dificuldade de falar o seu nome em francês, passaram a chamá-lo de Zé Perry. Um desses amigos foi o Deca (Manoel Rafael Inácio), que quando ouvia a aproximação do seu avião já preparava um peixe com pirãozinho para esperá-lo. Antoine se deliciava com as iguarias e a culinária "manezinha", gostava de pescar com seu amigo e participava das festas e tradições do povoado.

Para guardar esse tempo na memória, de Saint-Exupéry no Campeche, várias homenagens foram realizadas, a começar pela rua que margeia o campo de pouso, chamada de Avenida Pequeno Príncipe – a principal do bairro. Outra foi, o tombamento da casa onde os mecânicos e pilotos pernoitavam durante essas paradas, realizada pela prefeitura, que fixou uma placa com o nome Casarão Aéropostale.

Em 2007 um empresário local criou a pousada Zeperri e com fotos e objetos enviados pela família do escritor/aviador, fez nascer o Espaço Zeperri, que os tem em exposição, além de um café temático, aberto à visitação permanente. Este espaço recupera a história e atualiza as pesquisas sobre ele, tendo por objetivo desmitificar a ideia de que Saint-Exupéry é autor somente do Pequeno Príncipe.

Embora essa seja sua obra mais conhecida, ele escreveu muitos outros romances, reportagens e fez desenhos durante toda a vida, rabiscando guardanapos, folhas avulsas e o que mais servisse de suporte. Vale ressaltar que seus outros livros contam muito da vida de aviador e ainda revelam as mazelas e vitórias dessa época de pioneirismo nos ares, portanto têm valor também documental. Exemplares de seus romances fazem parte da exposição no Campeche para mostrar tudo isso.

E você que ama este autor, sabia de sua passagem pela ilha da Magia? Já tinha ouvido falar de seus outros livros? Comente aí.